sábado, 17 de setembro de 2011

Andaram anos para isto...


Não se tem bem a noção do desespero que anda para aí. Gente que pagava todos os meses suas dívidas a prestações e que viram sem mais nem menos a conta ser penhorada, comerciantes que deixam de ter o multibanco a funcionar para "eles" não irem à conta, gente que larga tudo e pega numa auto-caravana com roupa e pertences e literalmente rapa daqui para fora, outra que diz que o pai a chama "prá terra" - nasceram ontem 10 porcos - porque aqui ao menos não passas fome; ou um taxista que sai-se com esta: "nós vivemos é dos pobres. Os ricos são tão sovinas que não andam de taxi..." 
É redundante dizer que a economia paralela está forte e em crescendo, que as máfias esfregam mãos à oportunidade, que o Estado terá muito mais a perder do que a ganhar com um país mais e mais ingovernável. É quase unânime considerar que este governo é coisa de amadores. De um ministro da propaganda que inventa comissões e contrata bloguers a retalho, do "polícia mau" das finanças, do Álvaro, de um ministro da saúde que na lógica do número até corta nos transplantes, do aumento do IVA para o triplo até do que a Troika pede, do aumento de 15% nos transportes, da falta de escrúpulos e vergonha das 769 nomeações (de rapaziada, presumo) num só mês, dos tais buracos colossais que afinal são todos made in PSD, da privatização de tudo o que mexe, até da própria água, tudo numa amálgama de hipocrisia, desfaçatez e falsidade aterradoras. Querem que continue?
O motivo afinal não era José Sócrates ter mentido e não poder exigir mais sacrifícios aos portugueses, o motivo era mesmo o assalto ao poder a todo o custo e uma guerra sem quartel ao bem público, se calhar é por isso mesmo que Passos Coelho falou em incendiar de ruas e queimar Portugal. No seu intimo tem a noção da gravidade, sabe demasiado bem quem abriu as hostilidades, no resto apenas se atraiçoou com a mesma displicência com que nos tem confrontado diariamente com o desastre da sua governação. É da praxe, todos sabemos disso...