Conheci Don Winslow pela sua posição a favor da legalização de todas as
drogas. Fiquei a gostar logo dele. Depois fiei-me no escritor Rodrigo Fresán,
argentino entusiasta de escritores a valer, de Ricardo Piglia a James Ellroy.
Ora quando Fresán fala em "The Power of The Dog", de Don Winslow,
ficamos com a nítida ideia que estamos perante a urgência de algo “maior que a
vida”. Sua trilogia começa no final dos anos setenta com a constituição dos
cartéis, continuará com o descomunal poder do famoso narcotraficante El Chapo
Guzmán, no segundo livro, até ir desaguar ao presente, esse mar aberto de
inquietações apocalípticas com Donald Trump ao tempero. E se os Estados Unidos
se queixam da droga que chega às toneladas do sul, o México protesta contra a
brutalidade das armas que entram do norte para encher suas ruas de sangue e
morte. À violência crescente e refinada intuída por Roberto Bolaño em 2666, Don
Winslow prefere responder de um modo mais gráfico, chamando os nomes aos bois,
truncando apenas alguns bocados de realidade pelas voltas do enredo. Mas não
sobra migalha. E na pena de Winslow não faltam recursos, muito menos huevos,
para ir directo à carótida do problema. Mas nada melhor que puxar pelo bom do
Rodrigo Fresán, velho amigo de Bolaño e genuíno adepto da maquinaria literária
de Winslow: «El Poder del Perro (The Power of the Dog) es una de esas
novelas en las que nos se va a vivir mientras las lee y – la tasa de mortalidad
de sus páginas por momentos quita el aliento – mientras que los leídos van
siendo acribillados o despedazados o vuelan por los aires o sometidos a
torturas (ya comprenderán a lo que me refiero) de una creatividad católicamente
diabólica. Pensar en el Poder del Perro como la versión adicta y adictiva de La
Guerra y La Paz haciendo hincapié de lo primero. Mejor aún: El Poder del Perro
como la Guerra y La Guerra.»
[tradução para espanhol de Eduardo
G. Murillo, Roja y Negra]