segunda-feira, 5 de agosto de 2019

DON WINSLOW, THE POWER OF THE DOG





Conheci Don Winslow pela sua posição a favor da legalização de todas as drogas. Fiquei a gostar logo dele. Depois fiei-me no escritor Rodrigo Fresán, argentino entusiasta de escritores a valer, de Ricardo Piglia a James Ellroy. Ora quando Fresán fala em "The Power of The Dog", de Don Winslow, ficamos com a nítida ideia que estamos perante a urgência de algo “maior que a vida”. Sua trilogia começa no final dos anos setenta com a constituição dos cartéis, continuará com o descomunal poder do famoso narcotraficante El Chapo Guzmán, no segundo livro, até ir desaguar ao presente, esse mar aberto de inquietações apocalípticas com Donald Trump ao tempero. E se os Estados Unidos se queixam da droga que chega às toneladas do sul, o México protesta contra a brutalidade das armas que entram do norte para encher suas ruas de sangue e morte. À violência crescente e refinada intuída por Roberto Bolaño em 2666, Don Winslow prefere responder de um modo mais gráfico, chamando os nomes aos bois, truncando apenas alguns bocados de realidade pelas voltas do enredo. Mas não sobra migalha. E na pena de Winslow não faltam recursos, muito menos huevos, para ir directo à carótida do problema. Mas nada melhor que puxar pelo bom do Rodrigo Fresán, velho amigo de Bolaño e genuíno adepto da maquinaria literária de Winslow: «El Poder del Perro (The Power of the Dog) es una de esas novelas en las que nos se va a vivir mientras las lee y – la tasa de mortalidad de sus páginas por momentos quita el aliento – mientras que los leídos van siendo acribillados o despedazados o vuelan por los aires o sometidos a torturas (ya comprenderán a lo que me refiero) de una creatividad católicamente diabólica. Pensar en el Poder del Perro como la versión adicta y adictiva de La Guerra y La Paz haciendo hincapié de lo primero. Mejor aún: El Poder del Perro como la Guerra y La Guerra.»



[tradução para espanhol de Eduardo G. Murillo, Roja y Negra]