sexta-feira, 25 de março de 2011

Feel Good Hit Of The Summer




"Sócio, por favor, não é? Pá peço-lhes por favor porque senão pá não é tou concentradissimo, por favor não é?"

quarta-feira, 23 de março de 2011

É o "The Wall" e é pena




Sempre localizei "Animals" - um dos albuns mais estranhos do rock'n'roll - com a recessão económica dos anos 70, entre a ressaca da década anterior e o movimento punk prestes a explodir. "Animals", marca de um rock progressivo já a entrar em caducidade, é também por alguns demasiado subvalorizado - dando de barato que é o patinho feio da discografia dos Pink Floyd  e que foi mal conseguida a pretensa colagem a "Animal Farm" de George Orwell -  mesmo que tenha resultado num produto a puxar para o megalómano, confuso e pretensioso
Miguel Esteves Cardoso, numa daquelas belíssimas crónicas de música que fazia, chegou a apelidar o disco de "esforço tão desesperadamente porcino quanto a capa", desta não me esqueço. Mas megalómano e niilista no seu desespero, "Animals" tem sumo e coisas para dizer. E é hoje muito urgente. Como retrato, como metáfora, como forma de chamar os bois pelos nomes. Hoje "psicopatas" como Bernie Madoff, o outro do Lehmann Brothers, Oliveira e Costa ou o Rendeiro do BPP são decalques do "Pigs" e já tive um chefe que era exactamente "You're nearly a good laugh, almost a joker, with your head down in the pig bin, saying "Keep on digging." Pig stain on your fat chin .You're nearly a laugh, you're nearly a laugh but you're really a cry". 
Muitos empresários, gestores, quadros médios, self-made men, workaholics, cínicos, individualistas e toda uma fauna de stressados entram no preocupante quadro de "Dogs", onde me identifico mais; e a carneirada, a enganada, dependente e inofensiva carneirada, continua e continuará a ser a mesma que é retratada em "Sheep", muito passiva, mansa e candidamente a ser pastoreada, quiçá para o matadouro.
Roger Waters, em vez de repetir o já gasto "The Wall" pela trilionésima vez , faria melhor agora um espectáculo de "Animals". Até podia meter o tal porco voador misturado com as caras dos Thatchers de hoje. No esboço do post tinha os "personagens" e a coisa ficou tão tétrica e de mau gosto que deixo à vossa imaginação. Não resisto é a sugerir para Portugal balões de robalos gigantes, tacos de golfe com bolas de 6%, submarinos insufláveis ou facturas da EDP com dez metros de altura. Esgotaria cinco Estádios, em vez de dois Pavilhões Atlânticos.

sábado, 19 de março de 2011

Woke up this morning...




Johnny "Coca Cola" Lardieri, Mickey "Ciggars" Coppola, Louis "Louie Ha Ha" Attanasio,  Angelo "Quack Quack" Ruggiero,  Vincent "Vinnie Gorgeous" Basciano, Philip "Chicken Man"Testa, ou Bobby "Bad Heart", há nos mafiosi americanos algo que me lembra o bairrismo chunga de Lisboa dos meus tempos de miúdo em que haviam alcunhas para tudo e mais alguma coisa. 
Havia um pobre miúdo a quem chamavam de "Deixa Estar Que Eu Chuto", coxeava muito, e como se não bastasse era sempre lembrado pelo defeito físico e do pouco que jogava à bola. "Deixa Estar Que Eu Chuto" ainda assim era mais elaborado que qualquer um dos cromos acima mencionados, mais que por exemplo o aparentado Bobby "Bad Heart", lembrado no nome pelo pacemaker que usava. Com o "Deixa Estar Que Eu Chuto" haviam outros requintes: "Deixa Estar Que Eu Chuto anda cá; Deixa Estar Que Eu Chuto hoje ficas à baliza; Deixa Estar Que Eu Chuto a Andreia quer namorar contigo; Deixa Estar Que Eu Chuto dá-me uma bolacha; Deixa Estar Que Eu Chuto tás sempre a marrar; Deixa Estar Que Eu Chuto, um bom Natal." Em suma, deixa estar que eu chuto.
Por tudo o que sofreu, o "Deixa Estar Que Eu Chuto" (nunca consegui saber seu verdadeiro nome) merece estar agora melhor que todos os rufias que o maltratavam. É bem provável, até porque mânfios tramam-se sempre. Como Mickey "Ciggars", preso há pouco tempo em Manhatan depois de anos em fuga por ter limpado o sebo precisamente ao "Cola Cola" gangster. E Vinnie "Gourgeous", que não vai poder continuar a sua carreira com a prisão perpétua para o resto da vida numa daquelas prisões de alta segurança. 
Aqui de Lisboa é muito cómodo seguir todos estes enredos e conjunturas, alguns até mais interessantes do que os de "Good Fellas", "Casino", "Donnie Brasco", ou da saga "The Godfather". Filmes todos baseados e copiados da realidade. A série "The Sopranos", por exemplo, é um decalque da saga da família De Cavalcante de New Jersey, com algumas coisas da facção local  da familia Lucchese de Nova Iorque. Depois, temos também a máfia de Chicago com "Casino" e "The Untouchables". 
Quando eu conto estas histórias às pessoas mais próximas, elas torcem o nariz, mas depois adoram os filmes, e quando eu digo que aquilo é tudo verdade, não fazem caso disso.
A verdade é que existe um enxame de historiadores do fenómeno, no Amazon a bibliografia é enormíssima. Parte deles estão em todo o que é documentários no You Tube, resmas: de todas as famílias, de cada família, da vertente sociológica, dos personagens, do papel da polícia, dos bufos, deste caso ou daquele... 
Depois ainda há os especialistas: conheço um de Nova Iorque e outro de Filadélfia, um a falar parece o João Querido Manha, o outro é mais Luís Freitas Lobo. Este ultimo tem-se ocupado ultimamente com a eminente saída de Joseph "Skinny Joe" Merlino  da prisão: se vai desafiar a liderança do boss Joseph "Uncle JoeLigambou se segue antes para a Florida para ganhar tempo e marcar território. Da última vez até se meteu o Facebook ao barulho. É que Joe Merlino tem fama, glamour e é género de herói local. Gangster craque benemérito. A culpa é do entertainment, que criou a marca, o estilo, o glamour. E no meio até nos tenta fazer esquecer que o tipo é um criminoso, um demente, um crápula, um ser indigno de respirar oxigénio fora da cadeia. Mas e se Martin Scorsese pegasse nele?




PS: Na foto Joe Merlino e Joe Ligambi num jogo de baseball entre "good fellas". Digam-me lá se não parece que estamos num episódio dos Sopranos. 

sexta-feira, 18 de março de 2011

Perestroika Sporting




Há tantas razões para o sportinguista votar Bruno de Carvalho. E há José de Pina,  Zé Diogo Quintela em dose dupla, Rogério Casanova em dupla dose...Entretenimento de luxo para ler ao som do desespero de Godinho Lopes a contratar toda a gente enquanto à má fila rouba as ideias do tal Vale e Azevedo de terceira categoria, e os "polícias maus" se assanham o suficiente para ser ele a fazer o papel de polícia bom. Nice jobCunha Vaz. Ou como diria o outro, parabéns à prima...

quinta-feira, 17 de março de 2011

Apocalipse Não


Num lindo e normal dia de sol, igual a tantos outros, no meio da mais trivial das rotinas, sem absolutamente nada  fazer temer o que quer que seja. É neste cenário que acontecem as piores catástrofes. Foi assim no Japão, foi assim em 1755, foi assim no 11 de Setembro de 2001. Desta vez assisto incrédulo e assustado à maior catástrofe do meu tempo de vida, seguramente a maior do planeta desde a 2ª Guerra Mundial. A também maior crise económica da minha vida como que se some num grão de areia quando comparada com o que se passa no Japão. Sim, "a NATUREZA tem essa característica que o homem insiste em não ter em conta: gera com alguma facilidade sequências de eventos catastróficos que fazem falhar todos os nossos sistemas de segurança". Porque antes disso foi a ganância, refira-se. 
Não tinha ainda 8 anos de idade, mas lembro-me bem quando queriam nos anos 80 construir uma central nuclear em Vila Nova de Milfontes. No carro dos meus pais estava colado aquele conhecido autocolante do "Energia Nuclear? Não obrigado", e à entrada da vila havia umas pinturas de protesto que não me recordo o que diziam mas davam logo nas vistas a qualquer pessoa que entrasse no paraíso que era a Milfontes da altura. Não ter ido em frente foi um enorme alívio. E nem é preciso ler este excelente post para perceber porquê. Até acho que agora devia dizer-se "Nuclear? Nunca Mais". Mesmo com todas as vozes autorizadas, competentíssimas e por demais habilitadas a insistirem na racionalidade do nuclear - o custo/benefício, a poupança de energia, a não dependência do petróleo - a verdade é que esta sempre esbarrar com a irracionalidade do ser humano. Não vale a pena. Porque há e haverá sempre aquele dia, em que as pessoas se esquecem, em que debaixo da mesa se manda tudo às malvas, em que o mal só acontece aos outros, em que se pensa no fácil que é ganhar dinheiro com o "impossível" de haver uma desgraça. Foi assim em Chernobyl, foi assim em Fukuyama e será concerteza assim daqui a umas décadas quando tiver tudo esquecido. 

segunda-feira, 14 de março de 2011

Da bloga verde e branca

Esta sim, é a verdadeira crónica das eleições do Sporting. E a mais concisa e bem escrita - com todos os rios de tinta que já se escreveram sobre o assunto. Está lá tudo, não é preciso saber mais nada. 
Quem julga que nos blogues da bola não se escreve maravilhosamente é porque não conheceu ainda o Cacifo do Paulinho (aguentando carradas de asneirada) ou  nunca leu o melhor deles todos: o já extinto Mãos ao Ar, seguramente um dos blogues mais bem escritos de todos os tempos, e não só da blogosfera leonina. Os sacanas sabem...
Das  outras cores não sei nem me interessa, registo apenas que há benfiquistas que gostam de ir ao Cacifo. Não resistem. Devem estar como eu  agora, ansiosos pelo Acto II.

sábado, 5 de março de 2011

Motor de ignição


- "Saber onde se está, para saber onde se vai." Ou pelo menos para haver uma ideia por que raio de trilho se está a ir.

- Lutar, lutar, lutar. Conquistar, defender, manter. Como num jogo. Defender e atacar, atacar e defender. Há gente em guerra que tem de matar para atacar e matar para defender. Aí o melhor que se pode arranjar é uma pausa ligeira. E ainda assim, tinha de os ter, os cigarros.

"You can't beat death, but you can beat death in life"Charles Bukowski, amén.