terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

64.


Não racionalizar a sombra. Não pensar a sombra. 
Deixar a sombra ser a sombra. 

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A humanidade a pensar que pode ser solta a vida inteira. A solidão sem união que não a circunstancial circunstância. Como uma sonda. A derivar no espaço. Sondando.

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A cidade. A grande cidade não hospitaleira. Um cinismo uma presença pertença amargurada. Que não quer saber disso agora. Não quer saber de nada agora. 

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Quando um Destino conspira dentro de ti deixa de ser céptico.

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Ai eu estive quase morto no deserto e o Porto aqui tão perto...

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Ser todos os lados é transmitir todos os lados menos o lado onde se transmite, onde se é. Onde se delimita o limite onde não se dissipa. Onde só nos dissipamos em transcendência. 

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Meio morre à fome? Morrer à fome é um dos meios.

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Dia a dia não é foguete a foguete. 

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

63.


Cheguei ao lobo
Não mato nem meto
Mais gelo o tempo
Ao Inverno, sim
Aguento

Não fico não me demoro

Não sei do tempo nem do horário dos comboios assim de repente
Se virá de Zurique se é
Madrid que eu amo.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

62.



TECHNICOLOR TU
Para Lucila 


Preciso de escrever.  Te escrever. Te escrever preciso
Estás agora a dormir. Dormida tu. Y te quiero
Preciso escrever. Preciso escrever preciso
Estive metido por entre os astros. Precisos astros. Energias
Precisas
Via-te assim como exacta
A geometria só me faltava
O descontexto 
O como te puedo decir en castellano como ex con texto
Sin problema pues te quedas conmigo y te ríes de mi de mí por mi
Cariño te emocionas y aún más toda mi suerte aqui es fortuna y no hay otra manera
Mi amor, nos queremos 
Te queria decir, ahora en portugués, que o que me faltava naquele momento era literatura
Um pouco de lama a cobrir-me as paredes inflamáveis
Todo eu eléctrico urano
Oposição à boa sorte como energia a transformar um esgoto em Veneza excepto
Se me organizar excepto
Se necessitar de organizar como 
Controlar por no tener control
Até chegar a casa tu casa más tranquilo
Sim, começámos a viagem quando nos nasceu o primeiro átomo
Verdadeiro contra prosaico 
Porque esse átomo era um pixel ao primeiro sinal foi contra o rosto
Seu destino eu que és tu
Nós dentro de nós outros 
A toda a hora nos queremos via as galáxias
A noite no directo sentido de à noite nos vemos
E sentimos melhor para despertar en tu mañana ultra planante esta plenitud voz del sur 
Tu eres mi norte
Musa italiana actriz de los anni sessanta
Atómico preparativo 
De lugares planetas evasivos
Colonizamos nós outros dentro 
O amor precisava escrever amor, precisava escrever, amor
Ser escrito agora agora único único
Linguagem toda a linguagem 
É simbólica então fazes-me eu faço um símbolo 
É o símbolo animal selvagem cria
Sem destruir 
Amigo de todos os jantares antes de nós 
Corpos que se querem cama 
De todos os lugares tarot
Infinito particular
Cantemos 
La profundidad
Desse Brasil Argentina
Entre Alentejo Galiza

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

61.


FABULOSA MALTA ALENTEJANA


2011 - Descobri isto com Bolaño: escrever com música altos berros aos auscultadores. Longe da voz bem perto do bater do batimento cardíaco.

2014 - Não se sabe bem onde, nem se a escrita vai de três a onze dimensões…

2003 - Ninguém me acredita, o mestre gritou, então caíram uns atrás de outros quais peças de dominó. Mas outra vez ninguém me acredita…

2009 - Então botas calçadas lá vou eu. Passo os montículos de terra sobre o penhasco da rocha, o mar abaixo mesclado em névoa, barcos bem perto trouxeram peixe acabadinho de pescar. É Porto Côvo dia de nevoeiro. Um pescador que fez tertúlia ontem naquele improvisado grupo ali ao Rossio a perguntar se não queria comer um peixinho, e falava a sério este aqui é o meu pai, e insistia que eu me sentasse naquela improvisada esplanada de uma mesinha mesmo à porta da rua, com as pessoas a terem de desviarem-se para a estradinha.
Eu respondi um rotundo não a soar a fome: tem óptimo aspecto mas já almocei... Enfim, apetecia-me estar sózinho. Também não queria ser mal educado: trazia-me comigo o tempo todo e toda a gente à minha espera...

2021 - Foi aí que eu disse: Soubessem como em Lisboa aprendi a tornar-me insensível. Vá-lá que me belisquei quando vi o papel de que eram feitos certos tigres... E contra isso, amigos, o tempo pode pouco ou quase nada. O tempo, quando muito, deforma.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

60.


IBÉRIA LÓGICA

O milagre sim
Um milagre vem
De Espanha
Tragédia por tragédia maior tragédia foi
A Armada Invencível a outra derrota
O NON menor
O enfim
Esquecida
A vingança ao Grã-Jesuíta
Revancha protectorada a uma Grã-Bretanha 
Prefiro antes uma Grã-Ibéria
Festa da fiesta onde podemos ser
Parte o mesmo barco 
Até porque carne
Já o (éramos já)
O somos

59.

Tudo se torna falso com o álcool
Já era falso tecto falso tive de 
Furar paredes furar esse suado ir 
Pelo senso comum
Que não fui que não 
Comuniquei
E então
Desbravei furei furei 
A álcool a parede
A álcool que fez
Fez cimento é preciso 
Mais cimento traz álcool
Ou se quiseres antes gasolina
É a gasolina 
Como agora é o silêncio a rosca 
Porque a parede entretanto foi abaixo
Mais espaço menos uma divisão 
Pensas tu
É essa a dinâmica de destruir muros em tectos
Necessário pelo interior a dentro o interior
No que entretanto a cada segundo está instalado
Cada segundo a salvo
Do génio intrínseco mecânica dos motores
Sotura de infância mecânica de ser
O que sou antes de eu 
Ter sido destruído destruindo
Ir por ali adentro tal como se usam tanques na guerra depois
Do bombardeio 
Quando 
O que mais te querem é 
Que decores quando
O final é que os decores