sábado, 12 de outubro de 2013

O absurdo encerra uma moral

1 - Um romance sobre a guerra, de vez em quando, é bom remédio contra o absurdo. É outro absurdo o que estamos ali a ver, são outras proporções, é como a imagem da Terra para lá da atmosfera, nem nos vemos ali metidos. O nosso absurdo (salvo seja, estou a relativizar) é o sonho de vida para quem vive no meio dos escombros dos tiros e das bombas. Onde tudo se inverte, onde a infâmia e crueldade vivem no habitat natural, onde o ser humano é zero ou menos que isso. Onde com o «estamos em guerra» tudo se justifica: o assassinato, o roubo, a indiferença, a avareza, a indignidade, etc, etc. 

2 - Daí não embarco nessa do «estamos em crise» como pretexto para nos cortarem (leia-se roubarem) as vidas em seus direitos e garantias mínimas de normal sociedade moderna civilizada. O que é, já agora, superiormente - e cada vez mais  - pago em impostos de usura (leia-se idade média). O busílis também está aí, não estamos em guerra, mas por vezes é como estivéssemos, quando a verdade provada nos mostra que fomos assaltados cá dentro, no nosso território, e não foram tropas invasoras. Talvez a guerra seja "apenas" outra forma de crise, a suprema forma de crise, a maior de todas as crises. Mas foi por crises como esta que todo o caldo se entornou

3 - Da destruição da Guerra nasceu esta Europa de conquistas civilizacionais que tanto nos pode orgulhar. O que sem um investimento forte na economia, sem o Estado Social, sem, por exemplo, o perdão de dívida à Alemanha, entre outras tantas ajudas, sem, enfim, uma Europa solidária, talvez ainda respirássemos o pó das ruínas. Semeadas pela austeridade, é preciso não esquecer, a ferrugem nunca dorme, é bom citar o Neil Young.