O auricular dá-nos a história do movimento, não o movimento da história. O contexto é sempre importante, mas não é o mais importante: ver é mais importante que contextualizar, e antes admirar que presumir. E o verdadeiro retratista é narrador, escritor, poeta... Trabalha o texto no retrato, acerca-lhe o poema. Do que não se consegue até ao que não se quer: ver.
quinta-feira, 21 de novembro de 2019
quinta-feira, 7 de novembro de 2019
ALMANAQUE PRIMEIRO
- Agora
consegues ver melhor a História. Perceber como todos aqueles hinos de
rock'n'roll punk harcore traziam a tomada da Bastilha.
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- Essa manhã em que os factos não cavam lógica entre si e tu estás implicado entre o acontecido sem nunca por ali teres jogado – e sem sentires a relação entre ti e o que te chega. É tarde e nunca o virás a saber: não podes ver o jogo que te joga, o que está no segredo que te movimenta, Ou de outra maneira: a noite é a fortuna que te vale e que te cegaria pela luz insólita de outra matéria.
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Criadora de
guerras implacável inflexível
Crê que é
pacífica
Porque se
situa razoavelmente à esquerda
Nunca sai do
seu lado.
Torna as
suas ideias as dos outros
Nunca sai do
seu lado
Incapaz de
sequer respeitar o oposto
Os fins
justificam os meios
De frente,
como no passado
Regista a
(sua) práxis
Funciona
sempre de acordo com as (suas) regras
Nem vê
outras
E à sua
maneira cada vez mais
Subtilmente
enfatiza
Como
vitórias
Todos os
empates da vida.
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Não ser
aquele que entra na sala com o telemóvel em riste a tirar fotos
Sem olhar
para nenhum quadro e não ser no ecrã para a foto
E com muita
sorte não tropeçou, o que traria toda a justiça à situação
De Murillo,
o estilista supremo, relembra-nos, a lembrar-nos que a sua época é a nossa
época
Ali bem
perto de onde eu fui parar em 1992 a dormir ao relento
Consta que
vim dar aqui agora para o constatar
Foi preciso
ver a ponte tão fora do eixo de passagem
Perceber que
estava bem pior que um turista de aparências.
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Escrevo o
poema como um alívio. Alguma coisa que precisava saber. Vomitei das minhas
entranhas. Ter uma forma. Ou melhor, partir das minhas entranhas, como diria
Norman Mailer, escrever é para um homem a única forma de parir. De qualquer
forma, agora sinto-me melhor, o que traz algo de sexual satisfação, do que tem
que ver com parto. Parto.
Meu
problema, desde a escola, foi sempre a forma como em Portugal não se tomam as
coisas a sério. De nenhuma forma, enquanto se estuda, enquanto se tiram
diplomas, enquanto se tem sucesso, credibilidade, reciprocidade, admiração...
No lugar onde sempre fui tido como uma ameaça. Onde nunca fui levado a sério.
Respondo isto do estrangeiro. Tranquilo. Ninguém me chateia.
É possível que a velha vida ainda venha para aí em
referência. Direi que não estou. Mas estou. Pronto a qualquer esclarecimento. E
já agora, que me paguem.
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