segunda-feira, 6 de julho de 2020

142.


Forço-me a pedalar mesmo com poucas horas de sono. O problema não é tanto o físico, é muito mais o cansaço mental, a concentração sentida como um esforço, e se a consciência se distrai, só posso confiar no instinto, e instinto costuma ensinar coisas.

Quinze quilómetros depois, o Sol na natureza suspensa em meio de uma zona de fábricas, um polígono industrial, como chamam aqui. Domingo, vivalma. E detrás as montanhas,  quinhentos metros para um lado, três quilómetros para o outro, vinte para um outro.

O som da natureza, o espírito da luz que gerou da matéria o próprio espírito, a Terra. A fortuna da mãe Terra. Se reflectirmos um pouco teremos sempre o maravilhoso planeta. Esta comunhão que nos desperta. A natureza cura e insere-nos dentro. Também nos sabe destruir. E se a destruirmos, enfim, será apenas um brevíssimo momento à escala cósmica. Com cinco mil milhões de anos pela frente, segundo o frio cálculo da ciência, falassem ao menos da destruição do homem, era o mínimo, directo, sem vistas curtas. Se tudo acabar só morre a espécie que criou o seu próprio conceito. 

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