domingo, 28 de abril de 2019

TERRA

As massas e seus dirigentes não se dão conta de que não há uma diferença substancial entre chamar ao princípio do mundo «masculino» ou pai (espírito) ou chamá-lo «feminino» ou «mãe» (matéria). Sabemos tão pouco dos dois. Ambos têm sido símbolos numinosos desde o dealbar da mente, sua importância radica em sua numinosidade, não em seu sexo ou outros atributos casuais.(...) Um conceito como «matéria física», despojado da sua conotação numinosa de «Grande Mãe», já não expressa o vasto significado emocional da «Mãe Terra». Trata-se de uma terminologia meramente intelectual, seca como o pó, sumamente desumana. Do mesmo modo, «espírito» identificado como «intelecto» deixa de ser Pai do Todo. Degenera até reduzir-se à limitada mente do ser humano, e a imensa energia emocional expressa na imagem do «nosso Pai» desaparece pelas areias do deserto intelectual. 
Mediante a compreensão cientifica o nosso mundo desumanizou-se. O ser humano sente-se isolado no cosmos. Já não está abrigado pela natureza e perdeu perdeu a sua participação emocional nos acontecimentos naturais que traziam antes um significado simbólico.(...)
O ser humano já não tem uma alma-bosque que o identifique como um animal selvagem, Sua comunicação imediata com a natureza desapareceu para sempre, e a energia emocional que essa comunicação gerava afundou-se no inconsciente. 



Carl Jung



[a partir da tradução para castelhano de "Symbols of Transformation"]

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