NAVEGADOR SOLITÁRIO
A força da gravidade é para todos a prova que existe a lei
De estarmos vivos e de cairmos
De vez na terra
De estarmos vivos e de cairmos
De vez na terra
E se não há escape às leis da física, também não há escape às leis do espírito
Puxamos as cordas do presente, aproveitamos o vento
Assim nos vamos libertando
Se conseguirmos ser corpo para o alimento
Seremos o próximo, para o próximo.
Se conseguirmos ser corpo para o alimento
Seremos o próximo, para o próximo.
Não podemos é assumir eternamente
Que todos os mortos estejam todos mortos
Ou que o tédio do mundo só por si justifica
A invasão dos nossos domínios
Até que tudo seque por falta de água
Até que tudo seque por falta de água
Como se o paraíso fosse uma cidade
Encostada a ti encostada a mim
Credo atrás de credo
Erro atrás de erro
Como se tudo fosse só isto e umas linhas
Medidas a Lisboa
Só porque Lisboa era o Multiverso
A décima primeira dimensão
A saída dentro da entrada
Se não estamos vivos, respiramos terra
Só não sabia que era necessário dali inventar a Academia inteira
Ou que Lisboa já não podia ser Lisboa
Foi preciso escavar tanto debaixo da terra
Que até comecei a expelir fogo
Então banhei-me nas águas
Arrefeci meu lugar.
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