quinta-feira, 6 de setembro de 2018

121.


NAVEGADOR SOLITÁRIO

A força da gravidade é para todos a prova que existe a lei
De estarmos vivos e de cairmos
De vez na terra
E se não há escape às leis da física, também não há escape às leis do espírito
Puxamos as cordas do presente, aproveitamos o vento
Assim nos vamos libertando
Se conseguirmos ser corpo para o alimento 
Seremos o próximo, para o próximo.

Não podemos é assumir eternamente
Que todos os mortos estejam todos mortos 
Ou que o tédio do mundo só por si justifica
A invasão dos nossos domínios
Até que tudo seque por falta de água 
Como se o paraíso fosse uma cidade
Encostada a ti encostada a mim
Credo atrás de credo
Erro atrás de erro
Como se tudo fosse só isto e umas linhas 
Medidas a Lisboa
Só porque Lisboa era o Multiverso
A décima primeira dimensão
A saída dentro da entrada
Se não estamos vivos, respiramos terra
Só não sabia que era necessário dali inventar a Academia inteira
Ou que Lisboa já não podia ser Lisboa
Foi preciso escavar tanto debaixo da terra
Que até comecei a expelir fogo
Então banhei-me nas águas 
Arrefeci meu lugar. 

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