quinta-feira, 16 de agosto de 2018

116.



ZAFRA


O sol dispõe as ruas pelas casas de dois andares
Algumas de um 
Todas caiadas de branco
Como no Alentejo
Aqui a paz é a mesma 
Quando não é interrompida pela eloquência espanhola
Mesmo assim, na Estremadura espanhola o porte é o mesmo
A mesma recta serenidade
Uma ética de paz com trabalho
De pão com descanso 
E o amarelo do campo
Porque é que o Alentejo não tem também uma bandeira verde? 
As anedotas, o vinho, o queijo de Serpa, a açorda, as migas
Os montes, o turismo rural, a costa alentejana
As estradas até Monchique que são de morrer
As aldeias com a maior taxa de suicídio
É preciso ir até Silves,
Para ouvir era uma vez um tempo, ou até Mértola
É preciso ir até Mértola
Dizer que também somos Mouros
Porque o azul do sul é cor da areia
E estende o mar até Marrocos. 


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