quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

61.


FABULOSA MALTA ALENTEJANA


2011 - Descobri isto com Bolaño: escrever com música altos berros aos auscultadores. Longe da voz bem perto do bater do batimento cardíaco.

2014 - Não se sabe bem onde, nem se a escrita vai de três a onze dimensões…

2003 - Ninguém me acredita, o mestre gritou, então caíram uns atrás de outros quais peças de dominó. Mas outra vez ninguém me acredita…

2009 - Então botas calçadas lá vou eu. Passo os montículos de terra sobre o penhasco da rocha, o mar abaixo mesclado em névoa, barcos bem perto trouxeram peixe acabadinho de pescar. É Porto Côvo dia de nevoeiro. Um pescador que fez tertúlia ontem naquele improvisado grupo ali ao Rossio a perguntar se não queria comer um peixinho, e falava a sério este aqui é o meu pai, e insistia que eu me sentasse naquela improvisada esplanada de uma mesinha mesmo à porta da rua, com as pessoas a terem de desviarem-se para a estradinha.
Eu respondi um rotundo não a soar a fome: tem óptimo aspecto mas já almocei... Enfim, apetecia-me estar sózinho. Também não queria ser mal educado: trazia-me comigo o tempo todo e toda a gente à minha espera...

2021 - Foi aí que eu disse: Soubessem como em Lisboa aprendi a tornar-me insensível. Vá-lá que me belisquei quando vi o papel de que eram feitos certos tigres... E contra isso, amigos, o tempo pode pouco ou quase nada. O tempo, quando muito, deforma.