FABULOSA
MALTA ALENTEJANA
2011
- Descobri isto com Bolaño: escrever com música altos berros aos auscultadores.
Longe da voz bem perto do bater do batimento cardíaco.
2014
- Não se sabe bem onde, nem se a escrita vai de três a onze dimensões…
2003
- Ninguém me acredita, o mestre gritou, então caíram uns atrás de outros quais
peças de dominó. Mas outra vez ninguém me acredita…
2009
- Então botas calçadas lá vou eu. Passo os montículos de terra sobre o penhasco
da rocha, o mar abaixo mesclado em névoa, barcos bem perto trouxeram peixe
acabadinho de pescar. É Porto Côvo dia de nevoeiro. Um pescador que fez
tertúlia ontem naquele improvisado grupo ali ao Rossio a perguntar se não
queria comer um peixinho, e falava a sério este aqui é o
meu pai, e insistia que eu me sentasse naquela improvisada esplanada de uma
mesinha mesmo à porta da rua, com as pessoas a terem de desviarem-se para a estradinha.
Eu
respondi um rotundo não a soar a fome: tem óptimo aspecto mas já almocei... Enfim,
apetecia-me estar sózinho. Também não queria ser mal educado: trazia-me comigo
o tempo todo e toda a gente à minha espera...
2021
- Foi aí que eu disse: Soubessem como
em Lisboa aprendi a tornar-me insensível. Vá-lá que me belisquei quando vi o
papel de que eram feitos certos tigres... E contra isso, amigos, o tempo pode
pouco ou quase nada. O tempo, quando muito, deforma.