quinta-feira, 16 de abril de 2015

Da Luz Alvalade

Ir ao Estádio da Luz e de Alvalade para escrever são duas experiências distintas. Na Luz consigo carburar muito facilmente. Em Alvalade, enfim, é difícil, às vezes mesmo muito difícil, como contra o Wolsburgo onde já só me apetecia abandonar-me, invadir-me, ser adepto, ir ter com a malta, tornar-me um índio, fundir-me na fúria, no rugido leonino. 
No Estádio da Luz não, ponho-me a racionalizar a maravilha que é o Jonas, o Gaitán e o rolo compressor quando é ligado - com o Estoril, com o Boavista, com o Braga.... Que remédio! Compreender compreendo muita coisa. Quase toda a minha família é benfiquista e boa parte dos meus amigos, conhecidos então são mais que as mães... Depois, há aqueles que só aparecem quando o Benfica ganha qualquer coisa, aí é a surpresa: nem pensávamos que gostassem de futebol. Ingenuidade: a maioria dos adeptos benfiquistas percebe pouco ou nada de bola. Fala no glorioso, na chama imensa, mas não sabe um quarto da equipa titular, se é que sabe o nome de algum jogador. Mas enfim o Benfica é universal, joga na catedral, o Estádio mais parecido de todos com o que se passa cá fora. Está lá quase toda a gente.
Alvalade não, Alvalade é mais um culto, um exército de resistência. Mais pequeno, mais bem cerrado em suas fileiras. Metendo quarenta mil a muito esforço de dias enquanto esses vizinhos acomodam sessenta mil num abrir e fechar de bilheteiras. Não seja por isso, ir ao Estádio de Alvalade é bem mais intenso, por vezes até demasiado. Não é instantâneo como a Luz. Este e o antigo estádio. Falando da Luz, estive mais de vinte anos sem lá ir  - eu quando ia era para os lugares cativos de um primo mais velho, doido pela águia. Calhou eu ir nos melhores tempos do Eriksson:  7-0 ao Braga (eu vi), 8-0 ao Vitória de Guimarães (esse já não vi), 1-1 ao Sporting (o anti-climax, eu estava lá)... Agora, regresso como se nada fosse, e, toma lá cinco Boavista, toma lá seis Estoril... Esperem aí, menti à bocado, não foram tantos anos, sempre houve o Euro 2004 mais a sorte de um convite: a Inglaterra ganhou 4-2 à Croácia. Em suma, uma vindima. Mas nada como um 7-1 em Alvalade.