segunda-feira, 30 de setembro de 2013

O Imbecil e a Democracia

Inesquecível a colossal tromba de Pedro Passos Coelho ontem ao dar conta que o mesmo voto que o elegeu primeiro-ministro com a mentira mais infame da história da democracia é o mesmo que o derrotou agora. Pela primeira vez deve ter visto o outro lado do espelho da traição. Jamais a poderá mitigar, ou sim, claro está, com mais e mais mentira. Nada de mais para o mentiroso compulsivo. 
Cheio de si em toda aquele analfabeta arrogância. Com as costas largas dos credores e/ou agiotas internacionais - que mandam como quem tem (e tem) a chave do cofre - olhávamos para ele e podíamos ver como o mundo lhe desabava. Mas ele nem com isso, surpreendido sim, mas não era o tipo de surpresa óbvio nessas situações. Não, era uma surpresa diferente, de vingança, com aquele mesmo fundo de olhar que vimos no primeiro chumbo do Tribunal Constitucional. Só faltava o veneno a sair da boca: «isto as coisas não ficam assim. Se pensam que sim, estão muito enganadosNão esperam pela demora.». Teremos razões para temer, mas não devemos ter medo, podemos bater mais no fundo, mas o fundo, no fundo é o mesmo: Pedro Passos Coelho como primeiro-ministro
«Como se atrevem?», perguntava-se a corroer por dentro. O arrivista que usou a democracia para o salto mortal não conseguia ver bem onde estava. Deve ter sido do "estampanço democrático", do trampolim. Da Constituição, do Tribunal Constitucional, dos parceiros sociais, da oposição, do parceiro de coligação, dos reformados e pensionistas, dos desempregados, dos professores, dos alunos, dos doentes, dos trabalhadores da função pública, dos precários, de todos menos as clientelas e quem interessa à famiglia. Esquecera um pormenor: as eleições. Ia haver eleições, Marcelo avisara, mas como os votos eram locais, Seguro um seguro de vida, Menezes com as sondagens e as sandes de presunto...
Disse isto algures, PPC tem a marca do perfeito imbecil, aquele que acha que por esticar a corda ela deixa de partir. Mas partiu, já ia partida. Só faltava ver para crer. A criatura que foi dizer aos apparatchiks  (que o elegeram no partido, como os "bois de carga" dos eleitores no país) "que se lixem as eleições", acaba por sua vez lixado nelas, os apparatchiks também, às centenas largas. 

Este PSD deste primeiro-ministro numa ditadura a la Pinochet estaria nas suas sete quintas, troica com um forte braço armado deve ser o sonho húmido político de Passos Coelho. A isso basta olhar para a cara dele. Agora assim, com eleições, com o voto do povo que anda a tramar, com uma Constituição, com diferentes partidos, com sindicatos… O resultado é este: 16,69%, menos um milhão de votos. Lisboa, Porto, Gaia, Sintra, Setúbal, Coimbra, Madeira, mais umas dezenas de câmaras perdidas, uma derrota das antigas. Continue a pregar aos tolos e da próxima não sai da fasquia dos 10%. Estou a tentar ser realista.