Fica sempre de pé, entre o balcão e a porta da saída, não se
senta naquelas - no mínimo – 4 horas que para ali anda e ai daquele que ouse ocupar seu território. Dirá senta-te, deita-te, anda, faz o que quiseres, mas este não lugar não é teu, aqui só por cima do
meu cadáver. Ninguém o toma a sério, ninguém o toma de maneira nenhuma. É um chato do caraças. Não parava a converseta da treta com o outro, a todo o comprimento da sala vazia. Esse outro via-o eu nos anos 90 a jogar dados com meia dúzia de compinchas, não falhavam uma Sexta-feira. Até ao dia em que as vidinhas se disseminaram por outros lados fora dali. Não sei se casaram, fugiram, sedentarizaram, emigraram, adoeceram, morreram, não sei mesmo. Só sei que ele ficou, e continua a aparecer, sozinho, falando do Dolby Surround que tem lá em casa e da sorte que é ter continuado a fazer contabilidade em Lisboa e não ter sido transferido para não sei onde. Seus modos e sotaque têm um quê de africano de Angola misturado com um certo falar lisboeta que diz lesboa, lampedas e sefás. Sempre são 30 anos de muito jogo com cerveja à mistura.