Gosto
às vezes de me sentar ao sofá e ir aleatoriamente pelas gravações
do Meo. “Bugsy”, de Barry Levinson era dos poucos mafia movies que me falta ver. Bom filme, tem força, drama, mistério, é tudo menos redundante, todo ele à volta da imprevisibilidade da persona de Benjamin "Bugsy" Siegel e da interrogação que ainda sobre ele paira: gangster ou visionário? Creio que seria sobretudo um gangster cheio de vulnerabilidades, era frágil, os maiores mafiosos do século XX não levavam isso a mal até ao dia em que provaram não estar à altura daquela visão milionária. Mal agradecidos, fartaram-se de ganhar dinheiro com ele, provavelmente mais do que com qualquer outro ser humano. Ainda hoje.
Sou cada vez mais
levado a crer que os melhores biopics são os que metem bandidos.
E que Warren Beaty e Annete Benning foram mesmo feitos um para o outro, e que Ennio Morricone é em si uma marca de agigantamento de um filme. Parece que Barry Levison anda a rodar mais um filme do género, agora
sobre a vida de John Gotti e do filho John Gotti Jr. Al Pacino faz do mentor Neil Dellacroce e John Travolta do Gotti mais velho. A história sabe-se que é daquelas de caixão à cova*.
Depois vi o documentário "Documento Boxe" de Miguel Clara Vasconcelos. Tinha
isto gravado a 3 de Dezembro. Muito bom. Anda à volta das habituais histórias do boxe e de Jorge Pina, incrível boxeador, atleta e personagem no melhor sentido do termo.
O boxe é um sub-mundo que
verdadeiramente me interessa. Digo sub-mundo porque há ali muito
mais sub-mundo que mundo propriamente dito. Como
desporto não sou assim grande apreciador, mas o meio fascina-me. Sou grande adepto de tudo o que é filme sobre boxe que me vem parar ás mãos: "Belarmino" de Fernando Lopes,
"Counterpuncher" de Bruno de Almeida, "Raging Bull" de Martin Scorsese, "Million Dollar Baby" de Clint Eastwood, o primeiro e ultimo "Rocky" de Silvester Stallone. Uns melhores que outros, são todos bons filmes. Ando doido para ver o documentário “Tyson” de James Toback, o mesmo que escreveu “Bugsy”. Duma maneira ou de outra isto está tudo ligado.
(*) - Também parece que foi suspensa a rodagem do filme, não há dinheiro, dizem.