quinta-feira, 17 de março de 2011

Apocalipse Não


Num lindo e normal dia de sol, igual a tantos outros, no meio da mais trivial das rotinas, sem absolutamente nada  fazer temer o que quer que seja. É neste cenário que acontecem as piores catástrofes. Foi assim no Japão, foi assim em 1755, foi assim no 11 de Setembro de 2001. Desta vez assisto incrédulo e assustado à maior catástrofe do meu tempo de vida, seguramente a maior do planeta desde a 2ª Guerra Mundial. A também maior crise económica da minha vida como que se some num grão de areia quando comparada com o que se passa no Japão. Sim, "a NATUREZA tem essa característica que o homem insiste em não ter em conta: gera com alguma facilidade sequências de eventos catastróficos que fazem falhar todos os nossos sistemas de segurança". Porque antes disso foi a ganância, refira-se. 
Não tinha ainda 8 anos de idade, mas lembro-me bem quando queriam nos anos 80 construir uma central nuclear em Vila Nova de Milfontes. No carro dos meus pais estava colado aquele conhecido autocolante do "Energia Nuclear? Não obrigado", e à entrada da vila havia umas pinturas de protesto que não me recordo o que diziam mas davam logo nas vistas a qualquer pessoa que entrasse no paraíso que era a Milfontes da altura. Não ter ido em frente foi um enorme alívio. E nem é preciso ler este excelente post para perceber porquê. Até acho que agora devia dizer-se "Nuclear? Nunca Mais". Mesmo com todas as vozes autorizadas, competentíssimas e por demais habilitadas a insistirem na racionalidade do nuclear - o custo/benefício, a poupança de energia, a não dependência do petróleo - a verdade é que esta sempre esbarrar com a irracionalidade do ser humano. Não vale a pena. Porque há e haverá sempre aquele dia, em que as pessoas se esquecem, em que debaixo da mesa se manda tudo às malvas, em que o mal só acontece aos outros, em que se pensa no fácil que é ganhar dinheiro com o "impossível" de haver uma desgraça. Foi assim em Chernobyl, foi assim em Fukuyama e será concerteza assim daqui a umas décadas quando tiver tudo esquecido.