quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Gram Parsons


Foi Gram Parsons que me fez ouvir country pela primeira vez, mais especificamente o country-rock-folk que ele inventou. Muito fora de toda a ganga pirosa que enche o género, e mantém longe pelo menos a maioria das pessoas que conheço, que pelos vistos tem piroseiras mais finas e "aceitáveis" que agora não vêm agora ao caso.
Estávamos em plenos anos 90, altura da vida em que realmente descobria bandas, ia a concertos, frequentava a Torpedo e a Carbono, e comprava o NME e o Melody Maker. Aí Evan Dando, J Mascis dos Dinosaur Jr, ou Peter Buck dos REM, entre muitos outros, incansavelmente falavam do fenómeno Gram Parsons, que como Nick Drake ou os Velvets, se tornara uma moda póstuma. Depois inevitavelmente surgia Keith Richards a fazer a ligação para "Exile On Main Street", ou "Sticky Fingers", com as histórias de  Gram Parsons a pairarem sobre o que de melhor fizeram os Rolling Stones. É facil constatar que eram grandes amigos os dois, influenciavam-se mutuamente, e que Gram Parsons foi mais um a ficar pelo caminho do sobre-humano Richards.
Foi portanto um acaso perfeito uma viagem que o meu pai fez aos states de onde me trouxe um CD 2 em 1 de toda a discografia a solo do autor: GP e Grievous Angel. Mais tarde ainda me chegou ás mãos uma compilação do trabalho de Parsons com as suas bandas, entre as quais os Byrds e os Flying Burrito Brothers. Tudo ao nível do génio que morreu não aos 27 mas aos 26 anos, em pleno deserto, sob um cocktail de drogas e tequilla. Um tipo cheio de alma e tormento, da força dos campos intermináveis da américa profunda, talvez essa a alma do country. É para lá que viajo ao ouvir Gram Parsons, a sua música transporta-nos, literalmente. E é tão genuínamente pura que nunca me cansei de ouvi-la.