domingo, 26 de agosto de 2018




Ar para respirar, apenas nas pequenas réstias de branco de folha não preenchida – qual parque natural cheio de verde e lagos e cantares de pássaros, depois de uma fábrica de celulose. Eram réstias que José via e não resistia a preencher, sempre era mais uma oportunidade de poder reciclar mais alguma tanta furibunda energia. Fosse ele um Pessoa ou um Kafka, ninguém o decifraria escrito. Morto estivesse, morta estaria toda uma literatura. Um escritor assim morto encerraria, para a eternidade, a chave do seu enigma, e os enigmas do túmulo não passam disso mesmo, ou melhor, dali mesmo, do túmulo, do que se alimentam as bactérias. De resto, tumulares também eram todas as folhas de todos os seus cadernos de hieroglifos ilustrados – gatafunhos que até poderiam ter em si os mais graciosos e belos sonetos de um trovador lírico, que a melhor imagem que dali adviria andaria mais próxima da impressão poluída de um qualquer tubo de escape da pior Hong Kong onde se consiga estar...

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