quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Zé Pedro




Sempre o vi em grande. Dos tempos do Johnny Guitar aos concertos com os Xutos. A pôr música, a tocá-la. Em Lisboa. Na Zambujeira do Mar. Em Odemira, num magnífico 25 de Abril, sempre nos máximos, sempre generoso, homem da dádiva do rock'n'roll. Bom astral a emanar sempre que o vi por aí. Uma delas a comprar discos quando havia ainda discos no Amoreiras. Quem falava dele só dizia maravilhas. As mesmas que se ouvem agora e tudo bate certo. Todos queriam conhecê-lo. Não o conheci pessoalmente, conheci-o pelas cassetes do meu irmão, eterno fã dos Xutos.
Também me lembro dos programas de rádio com o Henrique Amaro. Depois outros, pelos tempos afora. Vias da descoberta do bom velho rock'n'roll. Bandas que descobri por ele. Sempre a dar o novo, sempre renovado, sempre a dar esperança. Sempre a espalhar as boas ondas. Até mesmo neste último combate com a doença, dava-nos a certeza que se safava. A gente acreditava. Belas entrevistas também as deu. Era um homem que viveu. Viveu e fez os outros viver. Em alta. Encarnando o melhor espírito do rock'n'roll. E como todos os rockers que se prezem morreu jovem. Jovem no sentido em que Iggy Pop morrerá jovem. Jovem como tudo o que nos sobrevive. Não morrer de velho é a verdadeira lição. E podermos olhar o ser humano como uma homenagem. Como algo que verdadeiramente valeu a pena. Obrigado, Zé Pedro!