sábado, 25 de novembro de 2017






- Há livros que são injustamente esquecidos; nenhum é injustamente lembrado.

- A mão busca constantemente um pretexto para deter-se.

- Muitos escritores sofrem de vez em quando de ataques de falsidade, tal como outros sofrem períodos de insónia. O remédio em ambos os casos é bastante simples: se não se consegue dormir, há que mudar a dieta; se não se consegue escrever, há que mudar as companhias.

- Alguns escritores confundem autenticidade, ao qual devem sempre aspirar, com originalidade, da qual ninguém se deveria preocupar.

- Pouco talento basta para enxergar o que está mesmo em frente ao nosso nariz, mas é preciso muito para saber em que direcção apontá-lo.

- O poeta não deve apenas cortejar sua musa, senão também a sua dama: a filologia.

- A impossibilidade de definir a relação, junto à impossibilidade de negá-la, constitui a essência dos versos.

- É algo frívola a ideia de ler apenas os grandes poemas. As obras-primas devem guardar-se para as festividades mais importantes do espírito.

- Nunca se saberá do que se é capaz de escrever se não se tem uma ideia geral do que é preciso escrever.

- O poema é um rito: daí seu carácter formal e ritual. O uso que se faz da linguagem é deliberado e ostensivamente diferente da fala comum. Incluindo quando se empregam a entoação e o ritmo da conversação, faz-se com uma informalidade deliberada, propondo a norma com a qual se pretende produzir um contraste.

- Se há poucos artistas "comprometidos", é porque seu modo de vida não os compromete: para bem ou para mal, não pertencem de todo à cidade.

- O ideal da civilização é a integração num todo do maior número possível de actividades distintas com a menor tensão possível entre elas.

- Se uma civilização se joga segundo o duplo padrão do grau de diversidade obtido com o grau de unidade conservado, dificilmente resulta exagerado afirmar que os atenienses do século V a.C. foram as pessoas mais civilizadas que alguma vez existiram.

- A fonte da poesia há de buscar-se, como afirmou Yeats, «na quinquilharia suja do coração».

- Na maioria das manifestações de patriotismo é impossível distinguir uma das maiores virtudes - o amor à pátria -, do pior dos vícios humanos: o egoísmo colectivo.