sexta-feira, 8 de maio de 2015

Particular Wiseguys

Já disse isto algures, mas foi mesmo pelo acaso ou palpite que me pus a investigar qualquer coisa sobre o Goodfellas de Scorsese e só aí dei com a extensíssima enciclopédica colecção de documentários sobre o fenómenoO caso óbvio em questão era a figura de Henry Hill (interpretado por Ray Liotta), mas também podia ser o de Jimmy "De Niro" Burke, ou o Tommy "Joe Pesci" De Simone.... Mas antes de mais nada quero confessar minha ingénua surpresa ao constatar que afinal toda aquela gente existia... Até calhou bem, pois logo ali arranjei ânimo para ir em frente - e o guilty pleasure foi menor - em toneladas de documentários que se ramificam e bifurcam e ramificam e bifurcam uns sobre (os) outros. Não sem antes - primeira opção consciente - ir dar a esse famoso infiltrado ladrão de jóias nome de código Donnie Brasco, nada menos que o famoso detective Joe Pistone, do FBI. O motivo, já se sabe, era o filme com o mesmo nomePequena ressalva: todo o cinema ou "cinema" sobre o fenómeno não passa da ponta do icebergue, mas continuando: tivesse entrado por Donnie Brasco, ao invés de Goodfellas, e teria logo para a troca documentários ou mini-documentários sobre Sonny "Michael Madsen" Black, Lefty "Al Pacino" Ruggiero, ou sobre aquele tal boss que sai do Cadillac ostentando o charuto, o infame Carmine "The Cigar" Galante. 
Já que falei em guilty pleasure - e é incontornável, o guilty pleasure - devo dizer que circundo as estórias destes péssimos fellas tanto por entusiasmo - não o nego - como para apaziguar ânimos - por vezes até mesmo para acalmar. Ali há muito por onde beber e não ataca o fígado. Por um lado existem histórias, carregadíssimas, cheias de mini-tramas e maiores enredos que encerrariam intrincados policiais e/ou thrillers, nalguns casos talvez westerns modernos. 
Temos a sorte de na nossa melhor literatura haver um extraordinário La Coca, de José Rentes de Carvalho, que nos dá um certo olhar e cheiro de outra realidade similar, se bem que distinta, trazendo consigo o acrescento literário. Também sabemos, segundo o escritor, que aquela gente existiu mesmo, o que traduzindo-se no aqui agora aguçou-me o espírito em relação a algumas histórias que ouvi da Costa Vicentina - mais outras que intuí e/ou imaginei. O que não temos é personagens para dar a ver em séries do National Geographic, do canal História, do Discovery, da BBC, do Biography Channel - ou jornalistas para isso com a classe de um Trevor McDonald, ou de um George Anastacia. Ou se calhar temos, em tempos tivemos, parece, um tal Joseph Barboza, que vendo bem parece uma invenção de George V. Higgins