terça-feira, 26 de maio de 2015

Barthelme

Genial padecimento de pós-modernismo e síndrome da escrita criativa. Quando se atira para dentro da frase somos levados por absolutos inusitados e logo ali desacreditados. Afinal não era nada, a ideia, claro, era levar-nos ao ponto uau (!), mas afinal... Não, não é fácil. As Avenidas de Palcos inauguradas por Rimbaud foram todas homologadas, aqui é possível visitá-las e ao mesmo tempo dizer que não são avenidas e que não está ali nenhum estrado. A escrita esse pode praticar-se a cada esquina com aulas especializadas e orientadas sob as técnicas mais inovadoras como qualquer academia de guitarra de Toronto. Pós-modernismo com escrita criativa é como neoliberalismo com Universidade Católica. Doutrina única decorada com um não é bem assim. Vais ter de explicar tim tim por tim tim e eles ir-te-hão fazer ver o que é, depende, e o que não é, depende. Tudo pelos óbvios preceitos da destruição criadora ou da desesperança ilusiva. Se não te dão volumes de provas - não podem - dar-te-hão volumes de preceitos. Para seres um bom pós-moderno terás de ter bem em mente que toda tua espontaneidade é mui facilmente desmontável e pode e deve apenas funcionar como performance. Se fores straightforward e/ou auto-destrutivo o suficiente dir-te-hão, sobranceiros, que todas as barreiras já foram escancaradas, não lhes falta luz solar e estão todas bem pavimentadas. Não lhes perguntes que barreiras são essas se não os quiseres fazer rir a bom rir. Aí sim, provocarás algum efeito de surpresa. Assim como um livro inteiro - muito bom,  diga-se - onde procurarás alguma coisa e tudo o que encontrarás serão apenas truques, dos bons e nunca vistos, é certo, grandes truques, ora toma. Pimba tumba catrapumbarás em nadas. Terás assim um curso intensivo de balística em módulo de absurdo ricochete. Claro que todas as balas serão de borracha.