segunda-feira, 31 de março de 2014

Estado do Tempo

Meu tempo não é o tempo da minha meteorologia. O tempo da minha meteorologia tem dias, tem marés e tem estações. Meu tempo é outra coisa. Não mora em estados de alma. Não vive e sofre as divisões e uniões, concórdias e indecisões, ilusões e desilusões. Meu tempo não tem guerras nem tempestades, nem nunca lhe cairá asteróide em cima. Meu tempo é um quieto caminho. Segue o seu curso, infinito, infinito até que acabe. E quem diz curso diz discurso. Leis que segue conforme, nada em disforme - nem um átomo fora de sua vontade, regra exacta e disciplina. Meu tempo é pois meu tempo. Um tempo com tempo. Tem de ter tempo. É tempo. 

Questões de Interesse

Isso dos interesses comuns pode ser um rol de problemas, escondem o interesse, escondem o problema. 

quinta-feira, 13 de março de 2014

A Máquina de Hemingway

É perigosa auto-consciência. Faz curto-circuito na máquina criativa. Bloqueia certo mecanismo que devia estar virado para fora. Ou dito de outra maneira, a máquina bloqueia se se põe a pensar que é máquina, coitada. Hemingway tinha razão quando dizia que there's nothing to writing etc e tal, tivesse pensado demasiado nisso e talvez nem tivesse saído da primeira frase do valente “The Killers”. O homem é a sua própria máquina de escrever. 

A Nota Dissonante

Sob o ar conforme, consoante e relaxado recebe à chegada meu ar duro, batido e comprometido. Até já se deu o contrário, mas é sempre igual esse estranho contacto de diferentes tempos musicais entrechocados como dois corpos estranhos de numerosos lados incompatíveis. Se houvesse nisso alguma culpa diria que fui eu que entrei como um subterranean home sick blues em meio de um minimalismo repetitivo a la John Cage. A música até que nem era má. Má é esta dissonância em confronto com o diapasão dos dias. Pior mesmo é quando do silêncio apenas se ouve a distorção.