quinta-feira, 17 de abril de 2014

14.

Mesmo antes de o beber, o mau café já se me tinha atravessado. Vinha do leve cheiro a queimado e de uma mais fina textura que algum telescópio sensível a olho nu nos mostrasse. Qual censor próprio de alarme, avisava que me ia dar mal. Bem que telefonaste, fica o curioso agradecimento. O tempo passou. O café esfriou. De nada valeu nem tê-lo tocado. Acabada a conversa, meu coração mais parecia um tambor africano num ritual da tribo; a desidratada boca a secura de um deserto; um blitzkrieg entretanto preparava-se nos intestinos. O mau café tem um feitiço.