Quem aceitou ou tem aceite, quanto mais não seja pelo esmagador efeito de repetição, palavras como ajustamento (em vez empobrecimento), requalificação (em vez de despedimento), descontinuação (em vez de encerramento), crescimento negativo (em vez de recessão), contribuição especial (em vez de roubo sob a forma de imposto encapuçado). Quem, de uma maneira ou de outra, engole ou reproduz toda esta nova linguagem de palavras tipo - cosmética pura e dura para esconder e camuflar a verdade de embuste e roubo a que estamos sujeitos - não deve agora ficar surpreendido ou sequer reparar por aí além nas duas recentes aquisições ao género novilíngua de pau empacotada a uma descomunal lata : recalibrar, inconseguimento.
Repito, merece: recalibrar, inconseguimento.
Pergunta - A este nível de taxa de juro como é que não vamos ter novo resgate?
Resposta - Como é que pode dizer uma coisa dessas? Olhe que isto assim dito muitas vezes pode até pôr os mercados a pensar coisas e aí sim, corremos o risco de um novo pacote de resgate. Mas não, não vamos ter nenhum novo resgate. O que vamos ter sim é um Programa Cautelar, necessário aliás para fazermos a correcta transição de país intervencionado para...
Ignorante e sem dicionários de novinguês, fico sem saber se apanhado o próximo assaltante à mão armada de um banco, ou joalharia, ou bomba de gasolina, ou seja lá o que for, sempre se pode dizer que o que se tratou foi de uma recalibragem imediata de recursos; ou, quem sabe, se de uma súbita requalificação de bens. Problema do ladrão, que inconseguiu fugir... Perdoem a vulgaridade, mas é apenas para sublinhar o óbvio. Que fique tudo pois e apenas para uso, abuso e privilégio exclusivo da nomenclatura.