quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Guerra

Cada dia é dia de guerra. Uma guerra que começou a morrer com as armas de fogo. Ao samurai - que treinava pelo menos 12 horas por dia em todas as técnicas e suas variantes possíveis sob uma férrea disciplina física e espiritual feita numa aprendizagem em retiro desde tenra idade basta o gatilho e já está. Para não falar da bomba lançada de um avião, essa pode estoirar um templo inteiro com um exército de samurais lá dentro mais os seus mestres. Como todos os que só querem viver até apanharem com a mesma dose no telhado do prédio. Há outras maneiras, o horror das armas químicas, como agora na Síria; ou numa bomba atómica como a de Hiroshima, de um horror mais inimaginável. Ou com granadas e morteiros, ou aquela mina pisada sem querer.

Guerra que é guerra devia deixar os inocentes em paz. Fosse levada à letra e nem armas de fogo eram permitidas. Toda a guerra hoje não passa do tiro no escuro. Ganhar é só e apenas não apanharmos com o tiro no escuro do outro lado, ou até do nosso, como também acontece. Guerra que é guerra devia ter só guerreiros. Falo de guerreiros, não de soldados. Sabendo aliás de onde vem a palavra guerreiro, não consigo imaginar de onde virá a palavra soldado. Também pouco interessa, não é também o soldado carne para canhão?

Guerra que é guerra é do domínio do físico, do emocional, do espiritual, do mental, é contra o outro, mas é sobretudo connosco próprios. A guerra aliás é mais benéfica quando é feita contra nós próprios, os sujeitos da guerra, os fazedores da guerra. É essa a sua moral. O samurai apenas atacava no limite do limite. Quando assim era, normalmente safava-se. O primeiro a atacar, coitado, ficava sem cabeça. Vejam os filmes do Kurosawa, vejam a forma como Sérgio Leone o transpôs para os duelos nos westerns. O duelo sim, o duelo como forma leal no uso das armas de fogo. No cinema.