quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Elmore Leonard (1926-2013)




Não o conheci primeiro pelos livros. Foi pelo cinema, como muitos, através de "Jackie Brown", "Out of Sight" e "Get Shorty". Duas ou três gerações antes, há de haver quem tenha entrado pelos westerns – "Hombre", "Valdez Is Coming", "3:10 To Yuma", "Joe Kidd" – ou por "Mr. Majestyk", com Charles Bronson. Talvez uma percentagem maior, quem sabe. Nessa altura Elmore "Dutch" Leonard era menos conhecido como escritor do que como argumentista de cinema, mesmo que as histórias fossem contos que escrevera durante mais de dez anos para pulp magazines, entre as cinco e as sete da manhã, antes de ir trabalhar numa agência de publicidade. Hoje, há quem entre pela série de tv "Justifiedou pelo remake do "3:10 To Yuma" de há gerações atrás, escrito naquelas madrugadas.

Detestado por detractores e/ou por quem não lhe perdoasse o sucesso, alguma superficialidade e o lado comercial assumido, Elmore Leonard valia-se da qualidade, quantidade e diversidade do seu trabalho. O prestígio de alguma crítica e o peso literário de quem o incensava também contavam. Sobretudo Martin Amis, que o entrevistou e decifrou como poucos ou ninguém. Do nosso país, sei da admiração de José Rentes de Carvalho, melhor exemplo também não poderia encontrar. 

Depois há a safra dos “discípulos” ou fortemente influenciados: George Pelecanos, Michael Connelly, Dennis Lehane, Quentin Tarantino... Stephen King receava o dia em que deixaria de poder ler o último livro do old man. A mim sempre atraíram as "Ten Rules of Writing". Do resto, até agora, li muito pouco. Cuba Libre em português e Pronto no original. O suficiente para saber que Elmore Leonard deve ser lido em inglês, a diferença é da noite para o dia. Algo óbvio e natural em quem, acima de tudo, privilegia o som e os ritmos da escrita. A partir de "Pronto", e com ganas de continuar a ler o escritor, fiz uma aproximação de prioridades a partir de uma selecção entre o elementar e o minucioso: Riding The Rap”, The Complete Western Stories”, Tishomingo Blues, “The Hot Kid; enfim, talvez “Get Shorty”, talvez "Freaky Deaky","Road Dogs", etc... Já sou dos que entendem quem devore a obra do "Dutch", limpando tudo o que apareça à frente