O
romance policial só será credível como literatura se a resolução
do crime estiver dentro da estrutura, do próprio corpo da obra. Qualquer solução alheia - fora desse corpo, das suas regras, do seu funcionamento interno - é, mais que um acto falhado, um erro fatal.
Entra ali como um objecto estranho, irreconhecido, de outro
planeta, outra linguagem, outra matéria. A ciência
diz que o ferro é capaz de destruir uma estrela. A solução a la CSI, o deus ex machina, é esse ferro dentro do romance policial. Destruirá a sua força, eliminará o tal mecanismo de combustão. Há
quem diga que toda a literatura é policial. O que todo o policial
não é, é literatura.