Agarrado
à ideia – vinda de não sei onde para não sei que parte da minha
cabeça – que os Rolling Stones acabavam com o “Its's Only Rock'n'Roll”, isto para ser politicamente correcto, porque para
mim sempre tinham acabado no “Exile On Main Street”. Agarrado
à ideia, dizia eu, duma qualquer pureza ideológica, nunca
tinha prestado atenção a uma obra-prima como o “Some Girls”. Quadradice
juvenil, depois esquecimento, depois coisas mais "importantes" para ouvir. O que me lixou foi o “Start me Up”, canção daquelas feita para vender e para estragar as expectativas a quem gosta do muito melhor, e que depois não conhecendo fica sem vontade de ouvir mais nada, achando que os Pink Floyd são a banda do "Money" e do "Another Brick In The Wall". O mesmo com o “Satisfation”. Foi a primeira canção que ouvi dos Stones e nunca existe uma segunda oportunidade de causar uma primeira boa impressão. Nada de grave, a primeira boa impressão nem sequer era juvenil. Era infantil.
O
“Some Girls” ajuda a aguçar-me o interesse pela fase pós Brian
Jones/Mick Taylor, estragada ainda mais com o desatroso ultimo concerto
que fizeram em Alvalade, para as massas no duplo sentido do termo e para quem não tem nem ideia de metade daquilo que uns Rolling Stones são capazes de fazer. Se calhar o ter bebido antes uma cerveja ao lado do Pestana era uma sinalização para o que aí vinha: rock' n 'roll de hotel, encenação plastificada, betalhada, som baixissimo, músicos ausentes. Teve uma virtude, apenas uma, mas ainda assim uma grande virtude: a de não me ter arrependido para a vida por ter perdido a "ultima oportunidade". Numa altura em que vivia no Lumiar. Se por um lado conseguia ir a pé ver o Sporting jogar, por outro punha-me a ouvir os concertos quase na íntegra. Em suma, fiquei com receio do que iria perder, de imaginar o que seria estar lá, de me zangar comigo próprio. O
arrependimento do que não é feito é das coisas mais idiotas da
vida.