quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Aquele Dia


Um dia banal pode também ser o ponto onde tudo se condensa. Em Paris de Chistophe Honoré gira em torno duma família à volta da decepção amorosa de um dos seus, regressado a casa e a ressacar uma relação amorosa falhada. Os restantes membros são o irmão mais novo, juvenil e mulherengo, o pai divorciado - um dos melhores pais chatos e repetitivos que tenho memória no cinema - e a mãe que vive noutro casamento. Falta ali a irmã, que se suicidou aos 17 anos com uma depressão.
A riqueza humana, a ternura, as parábolas juvenis e o tom de comédia ligeira do filme atenuam e modelam o seu efeito dramático, sugerindo o mais importante: o que fica, o que (sobre)vive. Porque há sempre um dia entre dias em que nós, protagonistas ou testemunhas da encruzilhada, também acabamos por nos encontrar. Este belo e discreto filme é um desses dias. Em Paris encontra-se na sua passagem. Completa-se no seu círculo.