segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Badi-Da

Dormi numa câmara de sono, tal era o silêncio. Ao acordar já via a barragem. Com o dia por minha conta e o meu cérebro a fazer de jukebox automática com o Badi-Da de Fred Neil, versão Mark Lanegan: "I get so tired Hanging round this town, Oh this old city life, Sure brings a fella down ba da da da da da...". Nada de ressaca. Muitos comes deram para aguentar não assim tantos bebes. Saí à rua. A vila prazenteira, um café com boa bica, gente, algum comércio aberto. 
Café bebido, fui caminho errante como que a descer para a barragem. Passada uma clássica trupe de velhos a dizerem boa tarde, uns sentados e outros de pé sob três mesas de cartas, são quatro ruas sem vivalma. Sinto que os meus passos urbano-stressados chocam com o silêncio remisturado pelo cantar dos pássaros. Sobre a igreja matriz, sentado em frente ao pelourinho, reparo melhor no porquê do meu coração bater tanto. De aqui chegado, sentir-me carregado de electricidade. Para descarregar baterias. E deixar-me ficar, momentos sem horas. Todo ouvidos para a infindável orquestra da natureza que orquestra. Depois a cidade vinga-se.