terça-feira, 30 de novembro de 2010

Um saque de corsários


Desde que se soube que o OE 2011 já não escapava, que o mar tem andado mais agitado que o normal. Não ando para aqui com teorias da conspiração, que detesto aliás, mas reparo que há umas semanas atrás havia menos turbulência. Serei só eu? Registo apenas.

1 - Que a montanha pariu um rato.
2 - Outros sociopatas.
3 - Mais poder para os bufos desta vida.
4 - Isto hoje

Outros sei que estão bem e recomendam-se. 

1 - Uns diz que trabalham bem.
2 - Outros melhor ainda.
3 - Outros são os donos do cofre.

Entretanto, enquanto não somos suficientemente competitivos, e com cortes tão radicais a ser feitos, o português comum ganha menos 55% do que a média europeia, e - como as pessoas pouco produzem... - seus gestores mais 55% que os suecos e 23% que os norte-americanos. Ou um CEO como António Mexia ganha mais que Steve Jobs, com o trabalho ímpar de liderar uma empresa em monopólio com a electricidade mais cara da Europa. É obra.
Nem vou falar nos salários dos administradores da Caixa ou do BCP. Fico-me pelos 4000 milhões de euros gastos do Estado para cobrir o caso (de polícia) BPN. Tudo vale a pena para encher Galeões de Corsários.

sábado, 20 de novembro de 2010

Inglês Técnico




A começar pelo vídeo apanhado no Facebook, depois pelo kraftwerkiano brilho do Tolan, até acabar finalmente em Barack Obama "your english is much better than my portuguese"; enfim, já consigo entender mais de inglês técnico...

domingo, 14 de novembro de 2010

Notas de um Google Reader (III)




Descobri ontem estes números "blogosféricos".

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E sou de poucas paciências...

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Estrada dos Prazeres


Os acasos, vontades e incómodos da vida sempre me mantiveram em Campo de Ourique, lugar que é mesmo minha casa, onde andei na escola, onde fiz a base, onde deu para quase tudo. Vivi três anos no Lumiar e gostei, mas depois voltei para aqui. Podia lá ter ficado que não me importava, gostava da vida que lá tinha, da namorada, do Gin que era (e é) o cão da (ex) namorada  e de poder ir para o Estádio de Alvalade a pé.
Mas voltei, primeiro para um apartamento do pior que há na Saraiva de Carvalho, cheio de incómodos surreais que agora dão algum gozo lembrar, mas que na altura não tinham graça nenhuma. Agora vivo na Estrada dos Prazeres, mesmo em frente ao cemitério. Não me importo nada de viver em frente a mortos, tenho muito mais medo dos vivos. E este até é o melhor lugar para se viver neste bairro. Continua ao lado de tudo, mas com muita calma e silencio aos fins de semana. Não tem as famílias inteiras com as pessoas entra-café-sai-entra-supermercado-sai que apinham Campo de Ourique enquanto se tropeça e com licença. É o melhor lugar agora, mas nos anos 90 era o pior. João Soares a presidente da CML tirou o "holocausto" daqui. Se eu de noite, no centro do bairro, via de uns 10 em 10 minutos um junkie a passar na direcção do Casal Ventoso, podem vocês imaginar o que seria aqui, onde por fim se dá com a Meia Laranja. Se em 10 ruas a cadência eram dez minutos, aqui as cadências fizeram que com que até hoje tenha sido proibido um trinco na porta deste prédio. Nem preciso de dizer porquê.
João  Soares prometeu acabar com as barracas do Casal Ventoso e foi o que fez. Acabou mesmo. Foi a única vez na minha vida que vi um político a cumprir o prometido. De resto, enquanto o chiqueiro se vai a acumulando na Lisboa mais porca da minha vida, o movimento da Meia Laranja vai aumentando em surdina. Agora dá-me para apanhar ali o autocarro num exercício com requintes de auto flagelação. É tiro e queda. Cruzo a esquina, dizem-me que têm "castanha" e "branca" da boa, não faço caso e sigo para a paragem a cinco metros. Eles também, mas num vai e vem, para trás e para a frente. Atrofiados. Mal cheirosos. Acabados. Uga uga anda aí a bófia. E eu, impaciente em sair daquele simulacro de inferno, olho no céu um avião minúsculo pelo voo alto a sair de Lisboa. Seria mais fácil ganhar o euro milhões do que algum deles poder encontrar naquele avião uma simples metáfora de sobrevivência. Voar bem alto para fora daquilo. Como João Soares ao conseguir acabar com o pior lugar do século XX lisboeta, se bem que há cautela seja  melhor continuar-se a fechar o trinco.

Ligação Indirecta

    
Um grande obrigado ao Delito de Opinião.  


domingo, 7 de novembro de 2010

Bukowski em português


  
Eis o que me faltava  ler do alter ego Henry Chinaski. O Tolan e o AMC já tinham dado a boa nova: "Ham On Rye " - ou se quiserem, "Pão com Fiambre"-  chega finalmente e com a tradução de Manuel A. Domingos, que faz também o enorme favor de nos oferecer  de borla e em bom português, a poesia de Charles Bukowski. Que seja apenas mais um começo.

sábado, 6 de novembro de 2010

conta-corrente



Escrita a primeira versão de um conto policial que me levou meses, avanço agora para a segunda - gosto do anglo-saxónico 2 nd draft - se bem que com a angústia de uma semana tensa e pesada nestes ombros doridos. Se por falta de jeito, este tipo de angústia acaba-me sempre em escrita débil e disforme, por outro lado não me apetece agora pegar  naquele matagal de gralhas, erros, buracos, frases, parágrafos. Demais e de menos, não sem um mínimo de "comprimento de onda". 
O silêncio esse, na melhor das hipóteses, dar-me à o som das madeiras que estalam ou de um carro ou outro na rua. Também não me apetecem distracções. Sem vontade para os livros que leio hoje, com todos os outros de acrescento, entre os quais uma pilha vinda da biblioteca do meu avô - se quiser, é literatura para os próximos três anos de crise. Menos pachorra ainda para o resto de todo um manancial que me cerca o estaminé. Entretenimento  agora é como café em cima de cerveja. Experimento então ao acaso pegar nos espantosos diários "Conta Corrente", de Vergílio Ferreira. Apanho-me a 15 de Março de 1973: "Só se pode mesmo escrever sobre uma chatice, se abrirmos um intervalo entre ela e nós. Mas não quando ela ocupa o intervalo todo. E o que em nós poderia abri-lo." E depois, a rematar: "A força do que se impõe não vence o que se lhe opõe? Será mentira tudo o que dissemos para isso não ser mais forte que o que nos magoa e é "inferior"?" Do mal o menos...