domingo, 24 de outubro de 2010

De uma américa profunda



Não me recordo de onde vinha até subscrever isto. Seria até desnecessário tentar. Tal como gosto de me perder em ruas que não conheço - então se for nalguma cidade estranha melhor, no estrangeiro melhor ainda... - também me agrada desaparecer pelo caos da net, ir pela (des)ordem do aleatório dar a lugares que de outra forma dificilmente conheceria. O canal You Tube just plain fred's é um deles. De um senhor chamado Fred, suposto bluesman em modo de hobby, de câmara fixa defronte, tocando, solando e cantando com o acompanhamento de uma caixa de percussões, ou de vez em quando apenas em modo acústico.
Leiam o texto de apresentação do homem e vêem que não é parvo nenhum, pensa pelas suas ideias , completamente nas tintas para o que vocês e eu achemos disso. Não está ali para ganhar dinheiro, quer divertir-se a si e aos outros, quer feedback, quer o mundo a ver concertos na sua sala de estar. É legitimo. Tem também lá adicionadas gajas sexys. Groupies virtuais que também dão músicas.
A maioria das canções do canal é ele que as escreve, quando sai uma nova envia mensagens aos "amigos" (eu supostamente sou um deles e olhem que o homem está atento ao que ponho nos meus Favoritos) a dar a notícia. Depois quem quiser que as oiça. Há lá coisas boas, outras razoáveis, outras dispensáveis, outras sofríveis. O que fica é que interessa.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

E a excepção confirma as regras...


De um ou outro foguete, da fome do corta a direito, e da fome que para aí anda, nada continua a impedir que eminências ex-governantes deixem de mandar suas glamorosas saraivadas contra o despesismo do Estado. Tanta é a vontade de um poleiro que até a excepção confirma as regras. Se isto é o espelho deste país, então estamos mais tramados ainda, pois há quem confunda mamões com conselheiros. Não sei se está para chegar o dia em que se mande o povo comer brioches outra vez. Mas tenho a impressão que já faltou mais.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Mad Men




Parece-me redundante dizer que tudo em "Mad Men" é trabalhado ao mais ínfimo pormenor: o plot, os actores, a fotografia, a realização (cinematográfica), o guarda-roupa, sobretudo os diálogos - cortados ao osso, muitas vezes em tons de pura comédia, mesmo nos assuntos mais graves, abrindo caminhos com extremo vigor narrativo, surpreendendo-nos por vezes com as suas segundas e terceiras intenções...
O mais interessante porém, para além da acção, é o caldo cultural onde "Mad Men" existe. As temáticas do machismo, do sexismo, a emancipação da mulher, o sonho americano, os corporativismos vários, o anti-semitismo, a Guerra Fria, o racismo, em suma, todo um tabuleiro cultural que abre a década 60. É politicamente incorrecto, mas ao mesmo tempo refrescante ver ali aqueles personagens todo o dia a fumarem e a beber como se não houvesse amanhã. O individualismo é o mote, o único ponto comum entre tudo, ninguém ali joga em conjunto se não for do seu próprio interesse. O individuo é que conta, na sua relação com um mundo predador onde tem de caçar, para não ser ele mesmo a presa. No big deal. É por aqui que se abrem as brechas da acção e todas as suas possibilidades. Não são feitos julgamentos. As coisas ficam a pairar e não têm de ser necessariamente objectivas. O criador Matthew Weiner e demais equipa não tentam ser moralistas. Limitam-se sim a explorar todas as potencialidades de um meio que é neste momento muito mais rico e estimulante que a esmagadora maioria do cinema. O que mais interessa  em "Mad Men" é a excelência da forma. O estilo. E "Mad Men" tem muito estilo, é top notch.
O protagonista mor, o inesquecível Don Draper, é a base e o topo. É ele que acompanhamos dia e noite. É ele que tentamos compreender no seu mistério, muito para lá do imaginável naquele mundo de aparências. Também porque ele próprio é uma aparência. E vendo bem, tem toda a legitimidade para ser quem é na vida e no topo da Sterling Cooper. Quem não conheça a série, não pode ter  bem a noção do que acabei de escrever. Porque além de todo o recheio a acompanhar, não sabe o que é verdadeiramente o bolo...

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Notas de um Google Reader (II)


Do crivo do Google Reader sobressaem mais dois defeitos da blogosfera: o golpe de asa sem voo e as meras notinhas vazias de tudo, que em forma de post, nos fazem perder o nosso precioso tempo. É uma irritação minha, mais de hoje do que há uns anos. Não consigo suportar da mesma maneira tanto malabarismo de atitude pretensiosa, tanto vazio a tentar suar a statement. Muita vaidade e cálculo são necessários para isso, por aí tenho de tirar o meu chapéu...
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domingo, 10 de outubro de 2010

Notas de um Google Reader



Sou relativamente rigoroso em subscrições, mesmo tendo em conta que tenho quase 200 blogues adicionados ao meu Google Reader. Não serão mais por mera gestão de tempo e interesses. Pelo menos 30 leio regularmente e haverá uns 10 que têm de ser lidos todos os dias, pela parte da urgência, e do vício...
Como bem diz o grande MEC, os blogues são do melhor que Portugal tem. Blogues de tudo: idiossincráticos (os melhores entre todos...), políticos, literários, desportivos, económicos, regionais, futeboleiros, sportinguistas, culinários, fotográficos...Só aqui e agora estarão centenas a merecer desde já a espreitadela. Do passado teremos pelo menos o triplo, e em seis/sete anos de existência já se poderia escrever uma História da Blogosfera Portuguesa, várias Histórias de Blogosferas Portuguesas... Sendo uma impossibilidade conseguir emergir em tal abismo de subjectividade, a verdade é que a nossa bloga tem muitas e boas historias a ser editadas. 



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quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Zé Povinho 2.0



A comemoração do Centenário da República deu-me outra vez para medir o pulso ao tuga típico, sempre queixinhas do seu "país de merda", e da "culpa toda dos políticos" corruptos e incapazes. Veio ter a mim, qual Zé Povinho 2.0, em comentários anónimos dos blogues e dixotes incendiários no Facebook, aí entre as actualizações dos jogos das casas e das quintas, até porque este, tal como o de Bordalo Pinheiro, enquanto vai dizendo de sua justiça, quer mais é que não lhe chateiem a vida.
O seu péssimo português: erros ortográficos constantes, gramática a coxear, entoação analfabruta, tudo ajuda a caricatura. As carradas de sobranceria e ignorância grosseira tornam-no num espécimen mais apetecível ainda - incapaz de perceber que é o maior aliado daqueles que execra. Que não passa dum barbarete, dum inofensivo Zé Povinho versão Século XXI, agora também com grau de mestrado...